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Portugal Aumentou Estradas e Diminuiu Ferrovias

2023-09-19

Portugal expandiu a sua rede de estradas em 2.378 quilómetros (346%) entre 1995 e 2018, enquanto a sua rede ferroviária diminuiu 18%, de acordo com um estudo divulgado pela Greenpeace, uma organização não-governamental (ONG) ambiental, nesta terça-feira, 19 de setembro de 2023.

No mesmo período, que engloba dados comparáveis de toda a Europa, Portugal investiu três vezes mais em estradas do que em ferrovias, com 23,4 mil milhões de euros alocados para estradas em comparação com os 7,7 mil milhões para ferrovias.

A Greenpeace também observou que, apesar dos alertas sobre as alterações climáticas e as suas consequências desde 1990, os países europeus analisados (União Europeia, Noruega, Suíça e Reino Unido) continuaram a concentrar o investimento na expansão da rede rodoviária, que atingiu 1,5 biliões de euros, em detrimento das ferrovias, que receberam 930 mil milhões de euros, uma diferença de 66% entre as duas opções.

Entre 1995 e 2018, Portugal registou o terceiro maior aumento absoluto na extensão das autoestradas na Europa, atrás apenas de Espanha e França. Em relação à redução da rede ferroviária, Portugal teve a terceira maior diminuição, depois da Letónia e Polónia.

A Greenpeace sublinhou que, desde 1995, o número de passageiros nos comboios portugueses tem vindo a diminuir, oito linhas ferroviárias, com um total de 460 quilómetros, foram encerradas, afetando cerca de 100 mil pessoas.

Por outro lado, a Greenpeace elogiou a introdução do novo passe ferroviário nacional que permite que os passageiros viajem em comboios regionais em todo o país por 49 euros, a partir de 1 de agosto, embora não seja aplicável aos comboios inter-regionais e urbanos.

A organização ambientalista também instou a um maior investimento nas ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha, particularmente a linha Lisboa-Madrid, uma vez que atualmente existe apenas um comboio direto entre o Porto e Vigo.

Numa altura em que se aproxima a reunião dos ministros dos Transportes da União Europeia (22 e 23 de setembro), a Greenpeace apela aos governos para corrigirem a sua histórica falta de incentivo aos comboios em detrimento dos transportes privados movidos a petróleo. A organização pede que se evite o encerramento de estações ferroviárias regionais, que se reabilitem infraestruturas ferroviárias desativadas e que haja uma transferência significativa de financiamento dos transportes rodoviários e aéreos para os caminhos-de-ferro. Tudo isso, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover a igualdade de acesso à mobilidade sustentável para todos.


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